O melhor desta vida não são coisas.
São sensações, momentos, emoções, conexões que nos deixam as mais incríveis lembranças.
Marrakech Deserto do Saara são diferentes de tudo o que conhecemos nas Américas. Um festival de cores, sabores e odores.
O Marrocos está localizado no Noroeste da África e separado do restante do continente pelo Deserto do Saara. É uma região montanhosa, desértica e com algumas faixas férteis onde vive a maioria da população. O povo originário do Magrebe são os berberes.
Marrakech teve a construção iniciada em maio de 1070 e tem a cor terracota predominando em todas as construções. A cidade é plana e os prédios que não têm mais que cinco andares permitem a vista de todo o horizonte, de um lado a Cordilheira do Atlas, com “neve eterna” e do outro lado, as cordilheiras, que dividem o país da Argélia.
O regime atual ainda é monarquia e a popularidade do rei é conferida em todos os estabelecimentos, com sua foto exposta.
As duas línguas oficiais de Marrocos são o Árabe e o Amazigh mas o Francês é compreendido e falado por praticamente todos os Marroquinos. O Espanhol é também muito falado.
A unidade monetária oficial do Marrocos é o Dirham marroquino (DH). E cotado em U$1,00 para cada 10.000 DH. Tanto dólar quanto Euros são aceitos no comercio local. É mais vantajoso trocar o dinheiro nas casas de câmbio.
A comida é deliciosa, com cordeiros, kebabs, cuscuz, tanjine (típica panela que cozinha a carne), tangia (uma forma de grelhar em baixa temperatura por várias horas), temperados com muitas especiarias e sabor agridoce.
O consumo de bebidas alcoólicas é proibido para os muçulmanos. Os marroquinos são grandes produtores de vinhos e cervejas e a produção é destinada para exportação ou para locais frequentados por estrangeiros. Não encontramos bebidas alcoólicas para comprar na cidade de Marrakech.
Devido à sua cultura, em Marrocos não é bem-visto o uso de roupas muito chamativas. Não há restrições de roupas para turistas, porém o recomendado é evitar roupas justas, curtas e muito decotadas, com barriga de fora ou sem camisa. É comum ver turistas usando short e bermuda.
Deixamos a cidade do Porto muito animadas com as novidades que viriam.
O Youssef Faska (linktr.ee/Youssef_Faska_Faska), guia profissional, muito gentil, falando muitas línguas, inclusive o português, foi nos receber no aeroporto de Marrakech no dia 05/05/2024 e nos levou ao Hotel Ali, simples e muito bem localizado no coração da vibrante e movimentada cidade. Teríamos 2 dias extra para conhecer a cidade antes da partida para o deserto e mais um dia no retorno.
Paguei 150€ no pacote para o deserto incluindo hotel, transporte, 2 jantares e café da manha todos os dias. O almoço era por nossa minha conta. Paguei mais 60€ por 3 diárias extra no hotel em Marrakech .
Entrei em contato com agencia pelo WhatsApp informando no Instagram e fiz a reserva. O pagamento foi realizado em Euros quando chegamos em Marrakech.
No dia da chegada nos limitamos a passear pela região próxima ao hotel e fazer uma refeição no Restaurant snack grand atlas, na rua atrás do hotel. Foi a melhor sopa de mariscos que comi e nos fartamos com um prato enorme de peixes e mariscos fritos.
Da varanda do quarto no hotel avistavamos de um lado a Praça Djemma el-Fna, gigantesca, vibrante, com uma iluminação incrível e muito movimentada pelos turistas e moradores entre as barracas de comida, acrobatas, encantadores de serpentes, músicos, vendedores de alimentos, dentistas a céu aberto, adestradores de macacos, tatuadoras de rena, ciganas que preveem o futuro e abordam os turistas oferecendo pulseiras de latão em “troca” de joias e objetos e muitas outras atrações.
Do lado contrário a belíssima torre da Mesquita Moulay El Yazid, A suntuosa construção erguida entre 1185 e 1190 pode ser vista de longe,
No dia seguinte, depois de uma ótima noite de sono e farto café da manhã, partimos para a Medina - bairro histórico declarado Patrimônio Mundial pela UNESCO em 1985.
Atravessamos a Praça Jemaa el-Fnaa até um dos portões de acesso. Passamos longe das barracas que vendem sucos e escargots feitos na hora. Decidimos comer apenas nos restaurantes devido às condições precárias daquelas cozinhas a céu aberto.
A Medina é o coração pulsante de Marrakech, com ruas estreitas, becos labirínticos e mercados animados. É uma área cheia de vida, cores, cheiros e sons. A arquitetura exibe a influência da cultura islâmica e berbere, com belos palácios, mesquitas, riads (casas tradicionais convertidas em hotéis) e souks (mercados)
A Mesquita Koutoubia, dentro da Medina, é a maior da cidade com seu minarete de quase 70 metros de altura. Detalhe verde no topo, representa a pureza, o paraíso, na cultura muçulmano. Foi reconstruída para reorganizar sua direção a Meca. A mesquita é um local de culto muçulmano e não é aberta a não muçulmanos. Sua arquitetura majestosa pode ser admirada do lado de fora.
Passamos o dia na Medina apreciando as belas louças, pratarias, roupas. bijuterias, temperos e uma infinidade de produtos organizados para atrair a atenção dos compradores abordados pelos vendedores de prontidão nas ruas estreitas.
Na parte da tarde pretendíamos visitar o Jardin Majorelle mas as entradas do dia estavam esgotadas. Compramos pela internet as entradas para ir quando voltássemos do Deserto.
No segundo dia fomos para o centro antigo de Marrakech, com trânsito caótico e confuso, dividido com as inúmeras bicicletas, motos e pedestres. Tudo junto e sem calçada. As motinhos, como as antigas mobiletes, circulando no meio das ruas estreitas e nas calçadas, nos mercados, no meio dos pedestres.
Nossa primeira parada foi no Palais Bahia, construído no final do século XIX, entre os anos 1866 e 1867, seguindo a arquitetura árabe-andaluz. Seu belo jardim ocupa uma área de 8.000 m², com mais de cem divisões, repleto de detalhes em cada pedacinho e um pátio enorme, com uma fonte no centro e piso de azulejo.
Depois cruzamos o Portal Bab Agnaou, incrustado nas muralhas da cidade imperial e uma das principais portas de entrada, datado dos anos entre 1184–1199 - na parte sul da Medina, na zona da casbá. Seu nome significa “porta dos negros”. O grandioso portal foi o segundo edifício construído em Marrakech e dá acesso ao Palácio Real e também outros monumentos e construções importantes, como a Mesquita da Casbá, Palácio el Badi e os túmulos saadianos.
Palácio Real, residência oficial da monarquia, o mais antigo da cidade, construído em 1864 e é rodeado por uma muralha, tem proibida a visitação.
Os túmulos saadianos são as tumbas de membros da antiga dinastia Saadiana, que dominou o país entre os anos de 1500 e 1600. Os belos jardins e a arquitetura do prédio que abriga as tumbas com enormes colunas, azulejos coloridos nas paredes e piso tornam o local único no mundo.
Pra lá de Marrakech Deserto do SAARA
No dia seguinte partimos para o Deserto do Saara.
Logo depois das 7 horas da manhã saímos em direção a Dades numa van de turismo.
Deixamos no hotel uma mala grande com as compras que havíamos feito na Medina.
A região de Dades fica entre Marrakech deserto do Saara. É rota das caravanas de dromedários, que transportavam sal, ouro e outras mercadorias. Boumalne Dades atrai muitos turistas, que a usam como base para explorar as famosas gargantas dos rios Todra e Dades, bem como, as paisagens do vale fértil e das montanhas.
Paramos no mirante em Zertem para fotos.
Segunda parada foi para conhecer o trabalho da Cooperativa Agrícola TAITMATINA FEMININA dedicada a produção e comercialização de óleo de argán e seus derivados para fins cosméticos e comestíveis.
O processo de extração do azeite desenvolvido pelas cooperativas contribui para a preservação das arvores de argán que crescem somente no solo marroquino e são a última cortina verde contra a desertificação.
O óleo de argán é produzido a partir das amêndoas de argán, que são esmagadas com uma pedra, descascadas, torradas e moídas num moinho manual em uma demonstração feita para os turistas. Na linha de produção, o processo e mecanizado.
Adquirimos produtos de ótima qualidade por um preço justo. Depois de experimentar os óleos procurei para comprar mais em Marrakech e os que encontrei não tinham a mesma qualidade.
Após o almoço, fomos ao Ksar de Ait Ben Hadu, situado na província de Uarzazat.
O ksar é um tipo de hábitat tradicional presahariano, formado por um conjunto de edifícios de adobe rodeados por altas muralhas, exemplo notável da arquitetura do sul de Marrocos. Foi cenário da novela "O Clone", surreal de lindo!
As 17:00 chegamos ao Hotel Ksar Kaissar em Dades (https://hotel-ksarkaissar.com/en/) . A piscina com água fria foi perfeita depois do dia extremamente quente.
No jantar foi servida comida marroquina e, depois tivemos momentos de descontração vendo e tentando participar de uma roda de dança berbere.
Curiosidade: o termo berbere veio da forma pejorativa que os romanos chamavam esse povo de bárbaros, e que acabou difundida no mundo ocidental. Mas eles se denominam como povo imazighen, que significa “homem livre”
A viagem no dia seguinte teve uma parada para fotos na Garganta do Todra, um desfiladeiro rochoso mundialmente famoso. No coração das montanhas do Alto Atlas e às portas do deserto, surgem fendas que parecem dividir a montanha em duas, com uma fisionomia que lembra o Grand Canyon do Colorado,
Tanto o desfiladeiro do Todra como o desfiladeiro do Dadès estão situados no centro de Marrocos, nos vales dos rios Dadès e Todra, serpenteiam através da Cordilheira do Atlas na direção norte-sul para convergir em rios sucessivos que desaguam no Atlântico.
A passagem das montanhas do Atlas é a barreira natural que muda completamente a paisagem marroquina. O verde dá lugar ao ocre nesta zona montanhosa que antecipa a chegada do Saara.
As margens da estrada, plantação de tâmaras, azeitonas, figos e uvas.
Mais uma parada para fotos vestindo roupas típicas berberes.
Depois paramos para almoçar num restaurante com piscina para nos refrescar enquanto esperávamos o fim da tarde para seguir montados nos dromedários até o acampamento no deserto Merzouga no Saara para ver o por sol nas dunas.
Percorremos cerca de 2 km em areia fofa montados no dromedário. Apesar da altura, eu não tive medo. O Dromedário anda devagar e não balança a cadeira fixada sob suas corcovas.
Teve jantar e música típica berbere a volta de uma fogueira. Nesta joite dormimos em colchões de molas nas tendas muito confortáveis do acampamento do deserto Merzouda no Saara.
Ver o pôr do sol pisando a areia quente e alaranjada, depois passar a noite numa tenda no deserto Merzouga rodeados pelas maravilhosas dunas de Erg Chebbi foi uma experiência única e inesquecível. Teve fogueira e musica berbere mas eu estava muito cansada para deixar a cama. Teria ido se pudesse contemplar o espetacular céu repleto de estrelas mas, naquela noite, estava encoberto pelas nuvens.
O Deserto do Saara tem mais de 9 milhões de Km2 de extensão em 11 países: Argélia, Tunísia, Marrocos, Saara Ocidental, Mauritânia, Mali, Níger, Líbia, Chad, Egito e Sudão.
No dia seguinte voltamos para Marrakech.
O café da manhã foi servido as 5:40 horas. Esperamos ansiosos o sol despontar no horizonte as 6:20 horas. Tiramos muitas fotos. Por volta das 8h muitos começaram a viagem de volta nos dromedários até o local de estacionamento da van. Eu voltei na caminhonete 4x4 porque estava com muita dor no quadril e preferi não montar o dromedário novamente.
Esse dia foi mais cansativo. Foram praticamente 11 horas de estrada até o hotel Ali, com paradas apenas para refeição.
De Merzouga até Marrakech são cerca de 550 quilômetros de distância.
Dia seguinte seria o ultimo em Marrakech. Tinhamos entradas para a visita ao Jardim Majorelle. Magnifico, inspirado nos jardins islâmicos, composto de plantas exóticas, maioria cactos e suculentas, em meio a espécies raras vindas de todo mundo, criado pelo pintor francês Jacques Majorelle na década de 30.
Foi comprado pelo estilista Yves Saint Laurent e por Pierre Bergé em 1980.
As formas da arquitetura marroquina se unem ao “azul majorelle”, surpreendente para quem passou dias vendo as construções monocor.
Visitamos também o Museu Berbere com belíssimo acervo, coberto por um céu repleto de estrelas (luzes) e a casa anexa com a exposição dos figurinos e desenhos de Yves Saint Laurent. Lamentei que não podia fotografar ….
Ao cair do sol Marrakech ganha ainda mais charme, e o clima vibrante e descontraído prevalece nas ruas, bares e restaurantes e nós, exaustas de tanto caminhar pela cidade não tivemos animo para curtição.
Não tivemos tempo para visitar os inúmeros museus da cidade ou as casas de banho que fazem o maior sucesso.
Hammam de la Rose é uma espécie de sauna úmida, que é puro luxo. O local oferece massagens, sauna a vapor e SPA com diversos serviços. Para os marroquinos, essas casas de banho fazem parte da tradição, além de ser um espaço para purificação, reflexão e relaxamento.
Marrocos nos deixou saudade.
Voltamos para a cidade do Porto no dia das mães e tivemos recepção especial . Éramos 3 mães voltando de uma bela aventura …
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